Arte com ou sem Loucura

Arte com ou sem Loucura

 Arthur Bispo do Rosário (1911-1989)

Arthur Bispo do Rosário artista têxtil

(Elisa Villano)

   Após um surto psicótico, passou a ouvir uma voz que o guiava e o fazia acreditar que viera para essa existência para representar todas as coisas desse mundo. Internado na Colônia, manicômio de Jacarepaguá no Rio de Janeiro, passou 50 anos de sua vida, trancafiado, acumulando botões, pentes, sapatos, peças de roupas que depois de desfiadas viravam fios de linha para bordar, enfim, um arsenal de quinquilharias que transformariam Arthur Bispo num dos maiores expoentes de representatividade da Arte Contemporânea.

   Descoberto por Samuel Wainer Filho em 1980, que ao fazer uma matéria sobre o manicômio do Rio de Janeiro para o Fantástico, ficou perplexo ao se deparar com Arthur Bispo e uma produção enorme de obras de arte. Bispo produziu 1000 peças entre tecidos bordados, objetos e instalações. Destaque para o manto moldado e bordado “com todas as coisas desse mundo” para o seu Juízo Final. Uma obra riquíssima em detalhes que ele passou uma vida tecendo no imaginário e reproduzindo na vida real.

Assista vídeo sobre obra e vida de Arthur Bispo do Rosario

   Junto com Samuel Wainer o crítico de arte Frederico Morais assistia. “Fiquei impressionado com a imagem dele naquela barafunda. Vi que era alguém que estava querendo deixar seu documento, contar sua história de vida. Encontrar alguém na situação do Bispo foi novo”, lembra Morais. Dois anos depois o crítico de arte tentou convencer Bispo a deixá-lo levar sua produção para uma exposição.


   Esse foi o começo da relação entre o crítico de arte e Bispo e que anos depois transformaria definitivamente a vida de mais um interno da Colônia em Arthur Bispo do Rosário com vida e obra registradas na história da Arte. Duas décadas depois de morto, sua obra percorre o mundo representando o Brasil duas vezes na Bienal de Arte de Veneza e também na de São Paulo além da Bienal de Lyon.

   “Trecho do Livro : Walter Firmo: Um Olhar Sobre Bispo do Rosário revela o passado de Bispo como marinheiro, lutador de boxe, garimpeiro, funcionário da Light e empregado doméstico e que numa antivéspera de Natal, em 1930, teve um surto psicótico que o levaria a sucessivas internações, ao chamado de uma voz, para que representasse todas as coisas do mundo e à criação de uma das obras mais instigantes e interessantes da arte contemporânea”.

   Arthur Bispo do Rosário O inconsciente individual no limiar do real e imaginário, sanidade e loucura, rompe todos os limites de racionalidade que possam existir para que se tente compreender ou rotular. ...”Gênio, Louco, Místico, Organizador do Caos ou Artista”...



Texto Thereza Frezza Crédito para as imagens: www.dasartes.com/2012obrasdobispoderosaario Fonte de pesquisa: Jornal o Estado de São Paulo, Um Olhar Sobre Bispo de Walter Firmo
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